Descobrindo o Tarot

agosto 27, 2012

COMO LER AS CARTAS – PARTE I – TRÊS CARTAS PARA ANA – IMAGEM + SIGNIFICADOS

Filed under: Como ler as cartas — Tags:, , — Leanora Dias @ 7:50 PM

A maioria das perguntas que recebo no blog tem a ver com problemas de interpretação de leituras. Na minha prática, aprendi que decorar os significados está longe de ser suficiente. Mais importante é saber combinar as cartas, pois a leitura é justamente o que se forma entre elas. Para comporem ideias, os significados precisam ser combinados de acordo com uma estrutura lógica. No final, ler cartas é uma atividade racional como qualquer outra, que depende bastante de organização e método.

Eu vejo muitas pessoas evocando a importância da intuição nas leituras, quando percebo que uma boa interpretação depende muito mais de metodologia. Cartomantes experientes têm sempre uma boa metodologia, praticada por anos. Com prática constante, você internaliza sua metodologia cada vez mais e a tal intuição acaba fluindo, pois encontra um suporte sólido para isso. Assim, a primeira coisa que sugiro é – deixe um pouco de lado as expectativas de acessar sua intuição e foque-se em criar uma boa metodologia para suas leituras. Cartas não são mágicas – são um instrumento como qualquer outro, que exige trabalho para aparfeiçoar seu uso. A intuição vem com a prática e, para praticar, você precisa de uma metodologia.

Explicar minhas ideias vai ser mais fácil com exemplos. Escolhi uma tiragem de três cartas que fez parte de uma consulta real que dei recentemente, para uma consulente a quem chamaremos Ana.

Três coisas são cruciais em uma leitura de tarot: as imagens das cartas, os significados e como você os organiza. A imagem é o maior recurso do tarot. Diante de uma coleção de imagens, nosso primeiro reflexo é encontrar uma relação entre elas, pois nossa mente é “programada” para encontrar sentido. É daí que vem o potencial do tarot. As figuras estimulam o leitor a criar uma narrativa, uma historinha. Isso o ajuda a desenvolver formas de combinar as cartas, pois narrativas são naturalmente estruturais e os significados precisam ser estruturados para fazerem sentido. Vamos dar uma olhada inicial nas cartas de Ana para ver melhor como isso acontece:

As imagens mostram duas cartas bem diferentes nas extremidades opostas, com uma carta equilibradora no centro. O pajem tem cores vivas, animadas, e postura franca, ereta. O Cinco, pelo contrário, exibe uma cena de derrota, com o céu cheio de nuvens feias, um homem com cara de mau e dois personagens abatidos se retirando. No meio, o Dois permanece impassivo; de olhos vendados para os contrastes evidentes entre as duas cartas, tenta dar-lhes a mesma medida.

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Nos significados, temos,

Pagem de Bastões – um rapaz (conhecido ou não), novidades, entusiasmo.

Dois de Espadas – harmonia, trégua, indecisão.

Cinco de Espadas – fracasso, perda, derrota.

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Listei poucos significados para cada carta pra ficar fácil mostrar suas combinações. A ideia é combinar os significados das três cartas usando a relação entre as figuras como pano de fundo. Com só três significados básicos por carta, já podemos criar vários cenários possíveis –

1. Uma pessoa próxima a Ana lhe traz aborrecimentos, que ela tenta resolver sem brigas – mas é difícil não brigar;

2. A própria Ana pode estar tendo que administrar seus planos diante de dificuldades que ameaçam sua concretização;

3. Ana tem planos muito legais, ideias muito boas, e boas intenções em geral, mas as coisas nunca dão certo porque ela não consegue executar essas ideias;

4. Ana está tendo que adequar suas vontades e planos (pajem) à oposição de pessoas poderosas (cinco).

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Ficou claro como eu usei as imagens para organizar os significados em narrativas simples? Interpretar as cartas é basicamente isso, criar narrativas combinando os significados das cartas, usando as imagens como gatilho. Porém, você deve ter notado como a interpretação ainda está vaga. As cartas podem ser combinadas de várias formas diferentes, mas essa profusão não ajuda quando tudo o que precisamos são respostas claras e prognósticos objetivos. O processo básico é esse, mas podemos melhorar essa leitura. Mas, que critérios devemos adotar para escolhermos qual possibilidade de interpretação explorar?

A primeira coisa a se considerar sobre leituras é que cartas dispostas não são como palavras em um livro – não dizem muita coisa sozinhas. Como o tarot não foi criado para ler a sorte, mas sim para ser um jogo, as cartas não possuem uma estrutura inerente própria para compor ideias complexas. Quem deve impor-lhes essa estrutura é você, o leitor. A ideia de usar cartas para tecer prognósticos é essencialmente lúdica – o tarot continua sendo um jogo onde a vida se representa. A função representativa das cartas pede sempre um referencial. Os significados precisam ser associados à realidade para serem interpretados.

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No próximo post, veremos mais sobre como podemos achar bons referenciais para os significados das cartas. Referenciais vão nos ajudar a compor interpretações mais específicas. Enquanto isso, tente brincar com as imagens das suas cartas, criando historinhas com elas, sem se preocupar muito com os seus supostos significados. Depois, tente combinar os significados de lista dentro dessas narrativas.