Descobrindo o Tarot

junho 25, 2012

TIRAGENS CUSTOMIZADAS (+ EXEMPLO DE LEITURA)

Filed under: Disposições — Tags:, , , , , — Leanora Dias @ 7:05 PM

Tenho experimentado bastante com arranjos posicionais customizados e orgânicos nas minhas leituras, em vez de somente reproduzir disposições tradicionais. A seguir, falo mais desses métodos, aproveito o ensejo para falar um pouco sobre como lemos as cartas e compartilho uma disposição, a título de exemplo.


Arranjos posicionais customizados e orgânicos – nome comprido. Posicionais porque são compostos por posições com função específica, que forçam mais exatidão sobre os significados das cartas que caem nelas; customizados por serem desenvolvidos exclusivamente para a questão do consulente, oque confere maior respeito às suas peculiaridades; finalmente, orgânicos¹, já que crescem de acordo com as necessidades da leitura, abrindo espaço para novos enfoques dentro de uma mesma questão. Junte tudo isso e você terá os tais arranjos posicionais customizados & orgânicos. O que esse nome carece em elegância, sobra em expressividade, ao menos.


A leitura de cartas não passa de uma sobreposição dinâmica de sistemas e estruturas que estabelecemos para impor precisão aos significados que damos às cartas, a fim de que esses possam ser arranjados em mensagens inteligíveis – legíveis, de fato. A ideia de usar cartas com significados para lançar prognósticos pede uma metodologia para dispô-las, já que sem ordem não é possível haver mensagem que componha prognóstico algum. Inseparavelmente associadas à noção de ler cartas desde seu princípio, as disposições posicionais foram naturalmente desenvolvidas como uma resposta a essa demanda; são parte essencial do aprendizado e da prática da leitura de cartas. Diferentes arranjos, compostos de posições apropriadas, são desenvolvidos para diferentes tipos de pergunta. Métodos de disposição ganham nome, função, fama, e até poder de alcance temporal; livros sobre leitura de cartas não deixam de incluir seções especiais para eles, enquanto leitores performam suas consultas com uma sucessão de várias disposições de leitura. Métodos de disposição fornecem, portanto, uma estrutura fixa à qual os significados das cartas podem ser firmemente pendurados. É uma consequência natural o fato de, com o tempo, certos arranjos adquirirem status de tradicionais.


A desvantagem dos arranjos posicionais tradicionais está justamente em sua firmeza: por consistirem sempre no mesmo conjunto de posições descrevendo sempre um mesmo aspecto de qualquer questão, eles nos obrigam a comprimir a situação do consulente em um esquema padronizado, o que caracteriza uma imposição de rótulos. O uso de arranjos sempre iguais encoraja a ideia de que todas as situações são iguais, pouco importando as variadas circunstâncias que as compõem. Podemos fazer melhor que isso, e é oque métodos posicionais customizados nos oferecem: moldando-se às particularidades de cada situação, permitem que cada questão seja contemplada pelo que tem de especial e, de quebra, tiram maior proveito da propriedade das cartas de se adaptarem a diferentes situações, revelando-as em sua integridade. Além disso, analisar uma situação com o objetivo de levantar seus pontos mais proeminentes é um exercício que nos força a considerá-la com mais objetividade.


O exemplo a seguir foi uma disposição que criei há alguns dias para analisar a situação de um casal que se separou recentemente. Na ausência de perguntas específicas, achei apropriado desenvolver um arranjo que empregasse os três potenciais básicos que uma leitura de cartas possui – o descritivo, o preditivo e o orientador. Decidi então usar as cartas para representar cinco aspectos da situação em questão: o consulente (um dos parceiros), o status da situação, suas causas, prognósticos e como o consulente deve agir. Duas das cinco posições – o status da situação e seus prognósticos – são compostas de um par de cartas, para mais detalhes. Sorteei sete cartas, que foram dispostas como na figura abaixo.

O formato da disposição foi definido sem muita consideração, apenas por me lembrar uma escada (a ideia de uma progressão de estágios). As funções de cada posição podem ser resumidas como


1 – O consulente
2 – o que acontece (2a, 2b)
3 – as causas do que acontece
4 – prognósticos (4a, 4b)
5 – como agir.


Temos aqui representados os dois aspectos principais de uma situação, isto é, a situação em si e o consulente como personagem principal da cena. Alternativamente, poderíamos adicionar uma posição extra entre a primeira e a segunda, representando seu parceiro.

O eixo 1-3-5 pode ser encarado como uma disposição à parte dentro do arranjo, indicando oque motiva (3) o consulente (1) a agir, além de orientá-lo a respeito de como (4) deve agir a fim de contextualizar suas ações mais proveitosamente à situação. A posição 3 tem relevância mais saliente no arranjo, pois pode ser vista como representante também das causas e motivações do consulente.

Sorteando sete cartas, obtive


Considerada uma das piores cartas do tarot, o Nove de Espadas representa as bases dessa situação (figura acima), indicando que o conflito entre os dois parceiros chegou a um nível de aflição que os impede de ver as coisas com clareza. Ninguém acredita em mais nenhuma possibilidade de acerto, ambos não sabem como as coisas foram chegar a esse estado. A combinação do Cavaleiro de Copas (o consulente) como Nove de Espadas indica que é o desespero que motiva o consulente a querer ficar com seu parceiro. Ele deve, no entanto, ser mais paciente, receptivo e humilde (Pajem de Pentáculos), pois a corrente situação de queda de braço, onde o primeiro que abrir a guarda admite submissão (Rainha de Bastões + Quatro de Pentáculos), dará lugar à concórdia em breve (Dez de Copas + Dois de Espadas). Ainda que essa concórdia não represente uma resolução real dos conflitos entre o casal (Dois de Espadas), ela trará felicidade e novas esperanças (Dez de Copas). Comparando as cartas de mesmo naipe (progressões de estado de um mesmo fator dentro da situação), vemos os conflitos do Nove chegando a um ponto de resolução no Dois. Os dois personagens de olhos tampados indicam que a felicidade dos que celebram o arco-íris que finaliza o fim da tempestade no Dez não é exatamente autêntica, pois advém de uma certa vista grossa aos reais problemas. Compare também o Pajem, humilde e contente com seu único disco, com o rei ganancioso do Quatro, que se apega como pode a tudo o que tem. O Quatro, aliás, combina bem com a Rainha, ambos falando de vaidade e egoísmo.


A possibilidade de enxergarmos conjuntos menores dentro de um mesmo arranjo de cartas (como o eixo 1-3-5) me faz pensar que podemos quebrar um arranjo em diversos blocos de posições ao longo da leitura. Você pode combinar as posições que compõem um arranjo de várias formas diferentes, criando vários subgrupos, podendo assim explorar diversos aspectos da questão numa mesma jogada. Para além dessa ideia, eu também posso pensar em blocos de posições livres que, como peças de lego, podem ser combinados de inúmeras formas diferentes para criar novos arranjos. É o caso da pequena cruz, um bloco de posições que eu tirei da Cruz Celta (suas posições 1 e 2) e que uso para compor ou complementar outros arranjos.


A ocasião da leitura, onde as ideias vão se combinando e se construindo conforme progride o diálogo entre consulente e leitor, é o momento ideal para o leitor usar os arranjos com mais liberdade, pois tudo está mais plástico. Métodos criados pelo próprio leitor lhe dão mais liberdade de ação para montá-los e remontá-los à sua escolha. Oque distingue o caráter de leituras orgânicas é justamente essa vivacidade que abre maior espaço à expressão individual do leitor, em contraste com um estilo de leitura que prioriza a reprodução repetitiva de modelos limitados.


Vale ressaltar que arranjos customizados não precisam antagonizar com arranjos tradicionais. Você pode enriquecer sua leitura usando as duas formas de dispor as cartas, aproveitando de cada qual oque ela oferece de melhor. A coisa toda não está exatamente nos métodos a serem usados, mas em como o leitor faz uso desses métodos. Se, por um lado, para obtermos mensagens dos significados das cartas, precisamos limitá-los, por outro, é preciso cuidar para que não consideremos os limites antes dos próprios significados. A simples possibilidade de, literalmente, construir a leitura ao mesmo tempo em que ela é feita, amplia os horizontes e ajuda a diminuir estruturas desnecessárias que acabam por prevenir nosso contato despojado, direto com as cartas.


NOTAS


1 James Ricklef fala mais sobre métodos de leitura “orgânicos” neste post de seu blog. É daí que eu tiro o termo, Ricklef sendo provavelmente seu criador. Vale a pena conferir o post, a propósito.

janeiro 15, 2012

“Limpando” seu baralho com.. talco

Filed under: Videos — Tags:, , , — Leanora Dias @ 5:25 PM

Perguntas & Respostas

Filed under: Videos — Tags:, , , , , , — Leanora Dias @ 5:42 AM

http://www.youtube.com/watch?v=emN6qblvS_Y

agosto 7, 2011

LIVROS SOBRE ARCANOS MENORES – OS QUE EU MAIS GOSTO

Filed under: Livros / Decks, Videos — Tags:, , , , , — Leanora Dias @ 4:34 PM

Faz alguns dias, a leitora Lanna me perguntou no chat do blog a respeito de livros que eu indicaria para o estudo dos arcanos menores.

Eu tenho tido minhas reservas quanto a livros, em nome de uma relação mais direta com as cartas (falo sobre isso aqui), mas, de qualquer forma, ninguém pode negar a necessidade de uma estrutura para qualquer tipo de estudo. Esses são alguns dos livros que eu sempre me pego relendo quando quero entender alguma coisa. Eu também falo sobre o estudo dos arcanos menores nesse outro video.


julho 11, 2011

Pamela Smith Commemorative set – video review

Filed under: Livros / Decks, Videos — Tags:, , , — Leanora Dias @ 11:46 PM

Depois do post sobre esse set comemorativo, aqui está um video que eu fiz falando dele – com enfoque mais no deck que nas outras coisas que vêm no set.

Qualquer pergunta, só se manifestar!

abril 18, 2011

VIDEO – LENDO SUAS CARTAS PRA SI MESMO

Filed under: Diversos, Videos — Tags:, , , , — Leanora Dias @ 8:47 AM

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Uma coisa que eu esqueci de incluir nas dicas, ideia ótima que eu escutei de uma amiga –

Em leituras pessoais, tente referir-se na terceira pessoa ao lançar sua pergunta. Exemplo: “Fulano (seu nome) vai conseguir comprar uma casa esse ano?”, em vez de “Eu vou conseguir comprar uma casa esse ano?”; ou “Como está a relação de Fulano (seu nome) e Cicrano (seu parceiro)?”, em vez de “Como está a minha relação com Cicrano?”. Afirmações são poderosas, e essa afirmação pode te ajudar a assumir a posição de expectador, em vez da de participante da situação. Esse distanciamento pode ser proveitoso na hora de interpretar, porque você já começa a leitura assumindo o papel de observador – sua vida passa a ser vista como algo externo ao seu ego, algo do qual você não participa e, consequentemente, não te aflige tanto.

Fica a ideia, e brigado, Cris, por ela!

fevereiro 21, 2011

VIDEO – DESCOBRINDO OS ARCANOS MENORES

Filed under: Videos — Tags:, , , — Leanora Dias @ 2:20 AM

Ultimamente, eu tenho percebido que muitas pessoas, especialmente iniciantes, acham os arcanos menores complicados demais para se entender e estudar. Isso me faz lembrar de quando eu decidi que ia estudar os arcanos menores pra jogar, e encontrei o mesmo tipo de dificuldade.

Um dos grandes fatores de obstrução no entendimento dos arcanos menores é a discrepância existente entre as interpretações de um e outro autores. Minha aposta é que tal discrepância se deve à menor atenção que os (propositalmente assim chamados, portanto, rs) menores arcanos. Cada um fica mais entregue às suas próprias ideias sobre essas cartas, visto que um menor dogma dá espaço a maior variedade.

No video abaixo, eu dou algumas ideias de como lidar com isso e masterizar o entendimento e prática dessas cartas, que, convenhamos, são o corpo do Tarot, encabeçado pelos maiores.

janeiro 28, 2011

IMPLICAÇÕES DA LEITURA – A ‘VERDADE’ x EXPECTATIVAS

Filed under: Diversos, Notas — Tags:, , , — Leanora Dias @ 3:30 PM

Cá estou eu, de volta. Faz um bom tempo que eu não posto nada decente por aqui. O fato é que, ultimamente, eu não tenho conseguido desenvolver minhas impressões completamente. Acontece, a coisa vai e volta, então eu só fico esperando ela voltar. Porém, não se enganem – ideias e impressões são o que não falta.

..

“Nunca faça uma pergunta ao seu Tarot antes de estar pronto para receber dele qualquer resposta.”

Tive esse insight esses dias, após fazer ao Tarot uma pergunta, e não receber dele a resposta que eu queria. Essa questão dá mais pano pra manga do que pode parecer à primeira vista. O que está em jogo aqui são nossos desejos e expectativas.

Perguntar algo ao Tarot é consultar um oráculo, e o oráculo diz a Verdade. Independente do que for, dentro da realidade do oráculo, o que ele diz é a verdade. Então, perceba bem em que implica isso – você está pronto para a verdade? Quais são suas motivações para consultar o oráculo? Você quer simplesmente ouvir um eco dos seus desejos, ou quer realmente, puramente saber?

Consultar as cartas por motivos errados pode te impedir de receber a mensagem que elas estão lhe oferecendo. Se você está inserido numa certa mentalidade, vai ser mais difícil avaliar o que as cartas dizem de maneira imparcial. E, sim, como vemos na carta da Justiça, a Verdade está no equilíbrio. Douglas Gibb do TarotEon.com, num texto que eu até traduzi e postei aqui, inseriu essa questão do desejo como um dos fatores por trás da falta de entendimento de determinadas cartas em uma dada leitura. “Expectativas são a ruína de uma boa leitura de Tarot. Elas acabam com a objetividade e a imparcialidade.”

Lidar com as expectativas de uma segunda pessoa durante uma consulta costuma ser bem mais simples que lidar com as nossas próprias. Jogar para si mesmo certamente exige um pouco mais de autocontrole e mesmo autoconhecimento.

Na próxima vez que você, estudante de Tarot, for consultar suas cartas (ou mesmo as de outrem) em busca de respostas para as suas perguntas, pergunte a si mesmo isso primeiro. Só o fato de pensar um pouco sobre isso já vai te trazer uma série de respostas – bem como outra leva de questões.

http://www.toofiles.com/pt/oip/audios/mp3/9103_cartasqueeudetesto-06nov201009h48a.html

janeiro 10, 2011

MÉTODO POSICIONAL PARA AMOR COM NOVE CARTAS

Filed under: Disposições — Tags:, — Leanora Dias @ 8:41 PM

Levando em consideração que o amor ocupa muito provavelmente o posto de assunto número um das leituras de cartas, métodos de leitura sobre amor são o que não falta por aí.

Ultimamente, tenho usado muito o esquema a seguir, e tenho gostado bastante. O esquema usa nove cartas, dispostas em cascata ao redor da primeira, cada lado para um dos parceiros. Ele não tem nada de muito novo, mas eu gosto da forma de disposição, e do fato de eu poder combinar as posições entre si para formar ensembles.

Eu gosto de mandar o consulente sortear carta por carta, enunciando a sua função na leitura a cada uma. Na hora de abrir, repito o processo – abro uma a uma, falando em voz alta sua função.

A posição 1 retrata o relacionamento de maneira geral. Você pode referir-se sempre a ela quando considerar as outras cartas, fazendo comparações e combinações.

As posições 2 e 3 falam sobre os dois integrantes do relacionamento em questão. As duas, mais a primeira posição são meio que o coração da leitura – os dois e a relação entre eles. Como essas três cartas se combinam? Existe algum tipo de afinidade entre duas delas em especial? Atenção à dinâmica das três.

4 e 5 mostram os sentimentos de cada parceiro, o que os move na relação. Procure sempre estabelecer comparações e relações entre uma carta e outra, vá construindo conexões de várias naturezas – pictórica, simbólica, numérica, astrológica, etc.

As posições 6 e 7 indicam as intenções de cada parceiro – quais são suas perspectivas, suas metas. Eu gosto de estabelecer entre esse par e o par anterior (4 e 5) uma relação meio que coração x mente, o presente par exercendo meio que a função de indicar também como cada parceiro avalia racionalmente a relação, o que ele apreende dela.

Por fim, nas posições 8 e 9 temos o que cada parceiro considera como a perfeição no relacionamento com o outro. Comparar esse par com o par anterior é bem interessante, sempre faço isso.



dezembro 6, 2010

ler cartas é…

Filed under: Diversos, Lembretes — Tags:, , , — Leanora Dias @ 3:32 AM

Nunca se esqueça –

ler cartas

é como assistir a um filme,

só que ao contrário –

as imagens você já tem,

a história, você é quem cria.

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